Brasília – Na primeira conversa a sós com o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, o presidente Jair Bolsonaro voltou a defender o uso de hidroxicloroquina no tratamento da Covid-19, doença causada pelo novo coronavírus. Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, o presidente, que estaria de bom humor, repetiu a Mandetta nesta quarta-feira estar “certo” ao insistir para o uso do medicamento já que “dois médicos de São Paulo” teriam sido “curados” após tratamento com o remédio.
Bolsonaro se referia ao cardiologista Roberto Kalil, do Sírio Libanês, que assumiu ter usado o medicamento para combater o novo coronavírus, e ao infectologista David Uip, coordenador do Centro de Contingência contra o Coronavírus em São Paulo, que não admitiu o uso da substância, mas teve divulgado seu receituário. David Uip promete processar quem divulgou informações pessoais.
Aliados de Bolsonaro afirmam que foi Mandetta quem pediu o encontro com o presidente, numa sinalização de trégua da crise política que enfrentam em meio à pandemia do novo coronavírus. O ministro da Saúde registrou o encontro em sua agenda pública do ministério antes mesmo de a Presidência da República confirmar que o encontro aconteceria.
A aliados, Mandetta definiu como “tranquila” a reunião com Bolsonaro e afirmou que foi uma conversa para “buscar um equilíbrio” no governo e “ajustar a sintonia”. O primeiro encontro após Bolsonaro ameaçar demitir o ministro durou mais que os 30 minutos previstos. O diálogo se entendeu por uma hora, invadindo as agendas seguintes. Ao final, Mandetta afirmou que vai “focar no trabalho” e que falará na coletiva da tarde sobre o cenário do novo coronavírus.
Pronunciamento
Bolsonaro avalia gravar um novo pronunciamento em cadeia nacional de rádio e televisão nesta quarta-feira, que poderá ser veiculado à noite. Segundo aliados do Palácio do Planalto, Bolsonaro quer passar uma mensagem de “equilíbrio” em relação às últimas crises políticas que o governo tem enfrentado. O vídeo ainda não foi gravado, e o texto ainda estaria sendo redigido.
No último pronunciamento, na semana passada, Bolsonaro baixou o tom sobre coronavírus e não pediu o fim do isolamento, como já tinha feito antes. Na semana passada, Bolsonaro classificou o novo coronavírus como “o maior desafio da nossa geração”.
— O Brasil avançou muito nesses 15 meses, mas agora estamos diante do maior desafio da nossa geração — disse, referindo-se ao período do seu governo.
Bolsonaro também pregou a “colaboração” e a “união” com todos, inclusive governadores, criticados por ele nas últimas semanas pelas medidas tomadas contra o coronavírus.
— Agradeço e reafirmo a importância da colaboração e a necessária união de todos num grande pacto pela preservação da vida e dos empregos: parlamento, judiciário, governadores, prefeitos e sociedade.
Da Redação
Com O Globo