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Sociedades médicas apontam falta de protocolo de procedimentos unificado para tratar paciente de Covid

 


Questão foi levantada por Ludhmilla Hajjar na segunda (15), logo após recusar o cargo de ministra da Saúde.

Profissionais de saúde cuidam de pacientes com Covid-19 em uma UTI de Porto Alegre, no dia 11 de março. (Foto: Silvio Avila/AFP)

Ao contrário dos Estados Unidos e da União Europeia, o Brasil não tem um protocolo nacional detalhado que unifique os procedimentos não medicamentosos a serem realizados em pacientes da Covid-19, de acordo com especialistas consultados pelo G1.

Dirigentes de sociedades médicas detalham a inexistência deste protocolo no país (veja mais abaixo). Eles defendem a criação e atualização constante do documento pelo Ministério da Saúde e sugerem que ele seja focado em condutas e práticas de manejo dos pacientes, como:

  • Quando internar
  • Como manejar o paciente internado nos casos moderados
  • Quando recorrer à ventilação mecânica
  • Quando se deve entubar o paciente
  • Como e quando utilizar anticoagulantes e corticoides
  • Como manejar o paciente em UTI

No site do Ministério da Saúde, há apenas notas técnicas sobre o manejo clínico e tratamento dos casos, com informações gerais sobre testagem, diagnóstico da doença e as formas de se notificar os casos e as mortes por síndrome respiratória.

Em uma delas, há a polêmica recomendação de se administrar doses de azitromicina com cloroquina ou hidroxicloroquina tanto em casos graves como nos moderados e leves, e em todos os pacientes, sejam eles pediátricos, adultos ou até gestantes. Tais medicamentos não têm eficácia contra a infecção causada pela Covid-19 e podem ter efeitos colaterais graves, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), mas ainda são fortemente defendidos pelo presidente Jair Bolsonaro.

Em entrevista à GloboNews logo após recusar o cargo de ministra da Saúde, na segunda-feira (15), a médica Ludhmilla Hajjar defendeu ser função da pasta orientar equipes médicas sobre a melhor forma de atender pacientes com Covid-19 e a necessidade de se criar uma “referência nacional de protocolo”.

“O Brasil precisa de protocolos, e isso é pra ontem. (…) Nós estamos discutindo azitromicina, ivermectina, cloroquina. É coisa do passado. A ciência já deu essa resposta. Cadê um protocolo de tratamento? (…) Perdeu-se muito tempo na discussão de medicamentos que não funcionam”, disse Hajjar.

Procurado pelo G1 sobre a falta de um protocolo nacional atualizado e detalhado sobre o manejo da Covid-19, o Ministério da Saúde não respondeu o contato até a publicação da matéria.

‘Todos se beneficiariam’

A Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), entidade presidida até este mês pelo novo ministro da Saúde, o cardiologista Marcelo Queiroga, é favorável à criação de um protocolo que uniformize o atendimento da Covi-19 nos hospitais.

“Somos a favor de um protocolo nacional de atendimento, chancelado pelas principais sociedades de especialidades, que uniformizasse o atendimento de pacientes, nas diversas fases da Covid. Principalmente no foco do paciente hospitalizado, onde temos evidências científicas mais robustas sobre tratamentos”, afirmou Fernando Bacal, diretor científico da SBC.

A presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Irma de Godoy, detalha quais são os protocolos estabelecidos no momento e que foram apontados por Hajjar.

“Entendo que a Ludhmilla Hajjar propôs um documento que aponte em que momento da evolução da Covid se deve, por exemplo, aplicar ou não alguns tratamentos, que não são nem prevenção e nem ‘tratamento precoce’, mas protocolos da doença instalada pelo vírus”, diz Godoy.

“Em que momento fazer a oferta do oxigênio ao paciente; quando devo passar um tubo neste paciente; deve-se administrar corticoide? e o anticoagulante? (…) Neste sentido, é muito importante que tenhamos um documento unificado que reúna essas diretrizes”, disse Irma de Godoy, presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia.

O pneumologista José Antonio Martinez, diretor científico da SBPT, defende que, diferente das notas técnicas que o Ministério da Saúde fez até o momento, um protocolo de manejo da Covid deve se concentrar em procedimentos, e não em medicamentos.

“Todos se beneficiariam com um protocolo de condutas para atendimento de pacientes com Covid-19. Contudo, ele precisa ser feito baseado em evidências científicas sólidas. Nesse contexto, não caberia o uso de medicamentos sem comprovação de eficácia”, afirma Martinez.

A Sociedade Brasileira de Infectologia (SBi) também defende a criação de um protocolo que unifique os procedimentos no tratamento da infecção causada pelo vírus.

“Precisamos de um protocolo focado em procedimentos, com orientações desde a triagem, manejo de casos leves, quando internar, manejo do paciente internado, quando entubar, manejo do paciente em UTI. Ou seja, um protocolo baseado no que diz a ciência e com orientações nos mínimos detalhes, passível de ser executado por todos os municípios com coordenação dos estados! Não temos até o momento nenhum medicamento com ação cientificamente comprovada sobre o vírus”, diz Leonardo Weissmann, membro da diretoria da SBi.

Sem um protocolo de procedimentos dos casos da Covid em diferentes estágio da doença, as sociedades médicas ouvidas pela reportagem afirmam que orientam seus associados a consultarem os protocolos do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), órgão de saúde dos Estados Unidos, Agência Europeia de Medicamentos (EMA) e da Organização Mundial da Saúde (OMS).

“São protocolos de procedimentos da Covid bem estabelecidos e atualizados frequentemente com base em resultados de estudos clínicos. A última atualização do protocolo da OMS, por exemplo, aconteceu no final de janeiro”, diz Godoy.

Da Redação

Com  G1

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