Liderados por centrais sindicais, movimentos sociais e partidos de esquerda, as manifestações foram alvo de críticas por acontecerem presencialmente em meio à pandemia da Covid-19, num momento em que o país ultrapassa 450 mil mortes pela doença –e cerca de 2.000 em 24 horas. Pelo menos nove capitais, além do Distrito Federal, têm ocupação acima de 90% dos leitos de UTI.
A recomendação para a utilização de máscaras teve ampla adesão de manifestantes, mas houve aglomerações em diversos locais, em descumprimento às regras de distanciamento social sugeridas por especialistas para conter a disseminação da Covid-19.
No Recife, a manifestação foi encerrada com bombas de gás lacrimogênio, tiros de balas de borracha e correria, após ação da tropa de choque da Polícia Militar.
Em São Paulo, o protesto começou às 16h na avenida Paulista, que foi bloqueada em frente ao Masp –os organizadores estimaram 80 mil pessoas presentes.
A manifestação paulistana contou com a presença do pré-candidato do PSOL ao Governo de São Paulo, Guilherme Boulos. Ao chegar ao evento, o líder partidário, que também é um dos coordenadores da frente Povo sem Medo, disse que “derrotar o Bolsonaro é uma questão de saúde pública”.
Indagado sobre o fato de o protesto ser realizado em meio à pandemia de Covid-19, Boulos afirmou:
“Se você olhar em volta, vai ver todas as pessoas de máscara. Não há nenhum tipo de comparação entre essa manifestação e aquelas promovidas pelo Bolsonaro, baseadas no negacionismo”. A presidente nacional do PT, Gleisi Hoffmann, também participou do protesto.
No Recife, após ação da tropa de choque da Polícia Militar. A vereadora Liana Cirne (PT) foi atacada com gás de pimenta ao tentar negociar com policiais que estavam em uma viatura.
Como mostrou o jornal Folha de S.Paulo, a mobilização nacional deste sábado foi feita pensando em desgastar Bolsonaro e incentivar a CPI da Covid, enquanto o impeachment é visto como algo ainda distante. Líderes ligados à organização, porém, enxergam os atos como um impulso.
O dilema entre o discurso pró-isolamento social e o incentivo a aglomerações resultou em diferentes níveis de participação. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) não convocaram seus integrantes institucionalmente, embora não impeçam a ida.
PT, PSOL, PC do B, PCB, PCO e UP declararam apoio à iniciativa e dispararam chamados para os militantes, mas ressaltaram que a organização é de responsabilidade de frentes Povo sem Medo, Brasil Popular e Coalizão Negra por Direitos (que congregam dezenas de entidades).
Mesmo entre os partidos que endossaram a iniciativa não houve unanimidade. Em estados como a Bahia, por exemplo, o PT do governador Rui Costa incentivou a realização de atos virtuais.
Da Redação
Com Nordeste1.Com