Lula deu declaração em Lisboa, depois de reunião com o presidente de Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa.
“Eu nunca igualei os dois países, porque eu sei o que é invasão, eu sei o que é integridade territorial. Todos nós achamos que a Rússia errou. E já condenamos em todas as decisões da ONU. Mas a guerra já começou e é preciso parar a guerra. E para parar a guerra tem que ter alguém que converse e o Brasil está disposto”, disse o petista em Portugal.
A posição externada neste sábado, no entanto, é diferente da que Lula vinha adotando nos últimos meses. Na semana passada, por exemplo, o petista disse que a Ucrânia – que foi atacada e invadida pela Rússia – tem responsabilidade pelo início do conflito.
O petista disse ainda que não vai visitar a Rússia e nem a Ucrânia enquanto não houver um clima de construção de paz.
O presidente brasileiro afirmou, no entanto, que no momento nem Rússia, nem Ucrânia querem parar a guerra. E que é preciso encontrar uma solução “política e negociada”.
“No caso da guerra, a Rússia não quer parar, a Ucrânia não quer parar […]. É melhor encontrar uma saída em uma mesa do que continuar tentando encontrar uma saída no campo de batalha”, declarou.
União Europeia
Na entrevista, ao lado do presidente de Portugal, o petista foi questionado por uma jornalista portuguesa se mantinha a posição de que a União Europeia está contribuindo para a guerra na Ucrânia. Lula, então, afirmou que quem não fala em paz contribui para a guerra.
“Veja, se você não fala em paz, você contribui para a guerra. Eu vou te contar um caso: o chanceler Olaf Scholz foi ao Brasil e foi pedir para que o Brasil vendesse os mísseis para que ele doasse à Ucrânia. O Brasil se recusou a vender os mísseis, porque, se a gente vendesse os mísseis e esses mísseis fossem doados à Ucrânia, e esses mísseis fossem utilizados e morresse um russo, a culpa seria do Brasil. O Brasil estaria na guerra. E o Brasil não quer participar da guerra. O Brasil quer construir a paz”, declarou o presidente Lula.
Após visita à China neste mês, Lula afirmou que os Estados Unidos e a Europa estimulam a guerra ao ceder armas para a Ucrânia. As declarações geraram incômodo em países europeus e no norte-americano.
Os EUA consideraram que Lula estava reproduzindo visões russa e chinesa sobre a guerra.
Ainda sobre o tema, o petista voltou a dizer neste sábado que o Brasil “condena” a violação à integridade territorial da Ucrânia promovida pela Rússia.
“O meu governo condena a violação à integridade territorial da Ucrânia. Defendemos uma solução política e negociada para o conflito. Precisamos criar um grupo de países que se sentem à mesa tanto com a Ucrânia como com a Rússia para encontrar a paz”, afirmou.
“A guerra não constrói absolutamente nada. A guerra só destrói. E eu não acho correto as pessoas ficarem em guerra”, emendou Lula.
Já o presidente Marcelo Rebelo disse que Portugal condena a invasão russa e prestou solidariedade ao povo ucraniano. Ele disse que há uma violação de princípios internacionais e da carta das Nações Unidas por parte russa.