As contas, feitas por um grupo de pesquisadores das Universidades de São Paulo (USP), Federal de Pelotas, de Cambridge (Reino Unido), de Queensland (Austrália) e Harvard, foram publicadas neste mês na revista científica Cancer Epidemiology.
A ideia foi cruzar o conhecimento consistente que já existia de outros estudos científicos - que mostram os benefícios da atividade física na proteção contra esses dois tipos de cânceres -, com a incidência dessas doenças no Brasil e com a taxa de exercícios praticados pelos brasileiros. O dado sobre a atividade física vem da Pesquisa Nacional de Saúde (PNS) divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) em 2013. Segundo o trabalho, cerca de metade da população (47,6%) não atinge nem sequer os 150 minutos semanais de exercícios recomendados pela Organização Mundial de Saúde (OMS). Entre as mulheres, a situação é pior (50,7%) que entre os homens (44,2%).
Os dados de câncer foram extraídos da OMS e do Instituto Nacional do Câncer (Inca). O câncer de mama é o mais comum entre mulheres no Brasil e no mundo. Por aqui, responde por 28% dos casos novos a cada ano. Para 2018, é estimado o surgimento de 60 mil registros. Para o câncer de cólon, a estimativa é de 36 mil novos casos.
Cenário ideal
"A literatura científica já traz um bom entendimento sobre os benefícios, mas não sabíamos ainda o impacto que isso teria no Brasil", afirma Leandro Rezende, doutorando em Epidemiologia na Faculdade de Medicina da USP e primeiro autor de artigo. "A ideia foi comparar a carga de câncer atual registrada no Brasil com a que seria observada se a população tivesse um nível de atividade física ideal para a prevenção do câncer."
Esse ideal, porém, admite o próprio pesquisador, é um número que assusta. Seriam necessárias 5 horas de atividade física diária para alcançar o máximo possível de prevenção - ou os 10 mil casos a menos, o que corresponde a 2,4% do total de registros de câncer hoje no país.
"Falamos isso dentro de um cenário teórico ideal. O objetivo da pesquisa não é dizer que tem de fazer isso, ainda mais considerando a vida de escritório nas cidades. A PNS mesmo mostrou que só cerca de 6% da população atinge isso hoje. É o que faz quem trabalha com atividades ocupacionais e caminha o dia inteiro, por exemplo, ou alguns atletas", diz.
Da Redação
Com PB Agora