A motivação da candidatura, segundo Paulo, foi o chamamento da categoria. “Meu plano era continuar no meu escritório, mas fui chamado a concorrer”. O ex-presidente acrescentou que pretende caminhar junto com outra candidata, a advogada Maria Cristina Santiago, que atualmente atua no Tribunal Regional Eleitoral da Paraíba.
Ele afirma que o atual presidente da OAB-PB adota “ações cosméticas” e acumula muitas reclamações. “Não quero personalizar a disputa. A questão é política, mas quando a gestão descola da anterior, fazendo o silenciamento e a invisibilização de pessoas que nos apoiaram, senti que a intenção era de adotar um novo modelo”.
Paulo citou que o projeto da Cidade da Advocacia, no Altiplano, foi modificada para ser apenas uma sede administrativa, quando a primeira ideia era ser também uma sede social: “Disseram que o projeto era faraônico e inexequível, mas não era. O projeto original foi alterado e adaptado para um novo orçamento. Mas, a questão não é essa. A questão é criticar a gestão anterior, que deixou tudo pronto para que pudesse ser construído”.
Outro ponto citado por Paulo Maia para seu descontentamento foi a exoneração da advogada Izabelle Ramalho, da Comissão da Mulher Advogada. “Ela é ligada a mim e foi desligada por telefone, estava grávida e foi extremamente importante na eleição do atual presidente. Ela foi desrespeitada de maneira agressiva. Com isso eu não concordo. Não é esse o meu modelo de OAB”, resumiu Paulo.
A exoneração de Izabelle, inclusive, teve muita repercussão especialmente entre as advogadas. Nesta sexta-feira, 16, um grupo de mulheres advogadas se reuniu para apoiar Izabelle e criar um movimento em prol da participação feminina concreta na gestão da OAB.
Sobre sua exoneração, Izabelle Ramalho divulgou uma carta, reproduzida a seguir:
Queridas amigas e companheiras de jornada,
Venho informar que na última sexta-feira, através do presidente Harrison Targino, tomei conhecimento de que seria publicada um portaria com a nomeação de uma nova diretoria para a Comissão da Mulher Advogada, interrompendo o planejamento desenvolvido pela diretoria até então existente. Um comunicado feito a mim por telefone, sem qualquer diálogo prévio.
Ao contrário do que tentou alegar o presidente sobre os motivos que justificaram tal ato, nossa diretoria tirou leite de pedra para honrar a função assumida, acolhendo colegas e tentando abrir todos os espaços possíveis para que avançassem em sua caminhada, mesmo diante das reiteradas articulações superiores para que não fôssemos inseridas em muitas das construções voltadas para a pauta feminina desta gestão. Registro aqui que além de não termos sido chamadas para muitas reuniões diretamente atreladas à pauta da Comissão da Mulher Advogada, fomos silenciadas diversas vezes quando, em eventos alusivos às mulheres, passamos a não ter direito de fala enquanto representantes desta Comissão. Temos muitos registros e testemunhas desses fatos e de tudo que fizemos, comprovando todo o nosso trabalho e a indiferença do presidente, mesmo tendo sido convidado.
Também tomei conhecimento que a vice-presidente da Seccional, Rafaella Brandão, e que a tesoureira, Leilane Soares, colegas eleitas pela advocacia paraibana para integrarem a diretoria da OAB Paraíba e, assim, participarem dos atos de gestão, não foram sequer consultadas e tampouco comunicadas previamente dessa decisão atinente à nossa Comissão, assunto que diz respeito às mulheres advogadas e a sua representação.
Lamentavelmente, mesmo ouvindo discursos de que a atual gestão possui uma diretoria majoritariamente feminina, na qual as mulheres tem vez e voz nos espaços de decisão, estamos sendo surpreendidas com uma gestão que, articuladamente, vem ignorando as opiniões de diretoras eleitas e as excluindo de importantes construções, como esta de agora e como a Conferência Estadual da Advocacia, na qual a vice-presidente da OAB-PB, Rafaella Brandão, foi alijada da Comissão Organizadora – o que desrespeitou não apenas a ela, mas as próprias regras expressas do Regulamento Geral do Estatuto da Advocacia.
Registro, também, que essa não foi a gestão que o presidente Harrison Targino se comprometeu a realizar em seus discursos de campanha, com promessas de continuidade de uma OAB democrática, inclusiva e horizontal inaugurada pelo presidente Paulo Maia, com o real protagonismo feminino nos espaços de decisão.
O que estamos vendo, infelizmente, é uma gestão centralizadora, de um presidente que fala por cima das nossas falas e que impõe suas razões como verdade absoluta, chegando a deturpar os fatos para fazer valer a sua vontade e os seus projetos políticos pessoais. Vivenciei tudo isso na ligação por ele feita a mim na última sexta-feira, ignorando a minha atual vulnerabilidade, decorrente de uma gestação de risco e, ainda, sendo totalmente insensível à situação que vivenciei no ano passado devido a um aborto gestacional sofrido.
Da Redação
Do Portal Umari
Com Parlamento PB