Ainda criança, em 1969, aos 9 anos de idade, experimentei um tsunami devastador.
Meu pai, o poeta Ronaldo Cunha Lima, à época prefeito de Campina Grande, foi cassado pela ditadura militar, 45 dias após tomar posse.
Nosso mundo desabou. Eu perdi o meu quintal e um pedaço da minha infância. Essa dor nunca sarou.
Em face da brutal adversidade fomos obrigados a sair de Campina Grande. Fomos eu, o Poeta, minha mãe Glória e meus irmãos, Cássio, Glauce e Savigny, morar em São Paulo. Começava ali uma história de lutas intermináveis, adversidades, conquistas e vitórias, mas sobretudo de unidade, realizações, felicidade e contentamento.
Depois de 2 anos na capital paulista fomos para o Rio de Janeiro. O Poeta, com seu talento e inteligência privilegiada, logo se destacou na advocacia e montou um renomado escritório na capital carioca.
Ele foi procurador do SESI e por anos conselheiro federal da OAB, representando a Paraíba.
Querendo seguir seus passos fiz vestibular pra direito na Faculdade Cândido Mendes-Ipanema e em 4 anos me tornei advogado.
Eu amava a advocacia, o direito me encantava; passei a trabalhar com meu pai.
As únicas lembranças negativas daquele tempo têm a ver com o calor do Rio: meu carro não tinha ar condicionado, a quase totalidade do Forum também não e o meu paletó, com aquela gravata insana enforcando o pescoço, me fazia suar litros a cada dia.
Em medos dos anos 80, ainda muito jovem, saí do escritório de advocacia e fui morar em Miami onde participei de um show de revista, o Rio by Nite, com mais 40 artistas, todos brasileiros.
Não dá pra descrever o quão maravilhoso foi aquele tempo. Eu tocava cuíca e outros instrumentos de percussão e até dançava, mesmo sem saber dançar.
De Miami fui morar nas Bermudas onde me apresentava num show para turistas de todas as partes do mundo, que lá chegavam de navio. Naturalmente sobrevivi ao triângulo, senão eu não estaria contado esse história.
O arquipélago das Bermudas é um território ultramarino britânico, o lugar mais lindo que já fui na vida. Literalmente o paraíso!
De lá fui para Nova York, outra empreitada.
Voltei para o Rio; e acho que traumatizado pelos efeitos do calor, não me imaginava derretendo no carro, cozinhando no Forum ou incendiando no paletó. Acho que diariamente eu corria risco de vida, de morrer desidratado.
Decidi tocar na noite do Rio, em casas noturnas e boates. Tinha que fazer a feira e a advocacia, naquele instante, não era uma opção, apesar de ter um ótimo escritório à minha espera. O meu próprio!
Por mais de 4 anos fui empresário do Biquíni Cavadão e ainda tive o privilégio de tocar percussão com essa banda maravilhosa, de pessoas mais maravilhosas ainda. Em paralelo, nos carnavais, tive a honra de tocar tamborim na bateria de Mangueira. Umas das marcantes experiências da minha vida. Lá fiz grades e queridos amigos.
Por aproximadamente 4 anos fui procurador de estado aqui da nossa terra. Fui nomeado pelo então governador Tarcísio Burity. Quem o sucedeu no governo do estado foi o Poeta, vencendo uma histórica eleição contra o ex-governador Wilson Braga.
Desconfortável no cargo, pedi exoneração e foi o governador recém eleito Ronaldo Cunha Lima, meu pai, sob o protesto e espanto de muitos, quem assinou o ato de demissão.
Durante o exílio no Rio, o Poeta em momento algum esqueceu Campina. Ele sofria! Então veio a anistia, seu coração entrou em festa, o retorno pra sua terra amada foi uma apoteose. Já em Campina disputou e venceu a eleição de prefeito, retornando ao posto, (de novo pela força do voto), que a ditadura havia lhe tomado.
Nesse período, mesmo jovem, Cássio já revelava sua vocação para o vida púbica. E assim sua história escreveu: foi deputado federal constituinte, três vezes prefeito de Campina, senador e duas vezes governador da Paraíba.
Cássio é um gigante, um líder nato, dono de um coração onde só o amor habita.
Bem, tenho ainda muito mais coisas pra contar, mas me vejo obrigado a condensar o escrito, senão vou enfadar vocês, se é que já não estou.
Foi sem dúvidas como vice-prefeito de Campina Grande- 2013/2016, que tive a maior honraria e vivi a mais gratificante experiência da minha vida.
O prefeito era o meu querido amigo, Romero Rodrigues, a quem aprendi a admirar. Aprendi muito com ele. Foram 4 anos de muitas realizações. Querendo efetivamente contribuir com o seu projeto de reeleição, dando-lhe oportunidade de ampliar o leque de apoios, para surpresa de todos, abri mão de postular a minha recondução ao cargo. O resto é história.
Eis que, de novo, Campina me chama. Dessa vez pelas mãos do honrado prefeito Bruno Cunha Lima, por quem nutro profunda admiração e respeito.
Com ele, por Campina, darei meu sangue e suor. Darei o melhor de mim! Conheço Bruno desde criança; um ser humano extraordinário. Um humanista. Inteligente e culto , é apaixonado por Campina, por sua história e por sua gente. Trabalha incessantemente na busca de seus objetivos. Ele é neto do ex-senador Ivandro Cunha Lima e dele herdou muitas virtudes. Aquelas que mais me chamam atenção são a integridade moral inabalável, a ética e a hombridade.
Bruno me convidou para assumir a secretaria de cultura e, honrado, aceitei.
Estou feliz, confiante no trabalho que será empreendido, otimista e com muita vontade de, mais uma vez, trabalhar por Campina, essa cidade maravilhosa, de gente trabalhadora e criativa, que faz jus ao escrito no seu brazão: “solum inter plurima”. E é isso que Campina é: única entre muitas.
Da Redação
Do Portal Umari
Com Ronaldo Cunha Lima Filho