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Congresso derruba veto à desoneração em nova derrota de Lula e Haddad

 


O Congresso Nacional derrubou, nesta quinta-feira (14), o veto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao projeto da desoneração da folha de pagamento.

O veto integral à proposta, revelado pelo Painel S.A. no final de novembro, causou revolta entre parlamentares —a proposta foi aprovada por mais de 400 deputados na Câmara e simbolicamente, no Senado.

Após a decisão, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad, chegou a prometer que o governo enviaria uma proposta alternativa à desoneração.

Até esta quarta-feira (13), membros da base do governo no Congresso ainda prometiam que uma nova medida seria apresentada, para tentar ao menos adiar a derrubada do veto para a próxima semana.

No fim, a medida nem sequer foi apresentada, até o início da sessão do Congresso nesta quinta, e o veto, de fato, acabou derrubado.

Integrantes do governo dizem que Haddad chegou a comentar que havia preparado a solução intermediária e apresentado a alguns setores, mas que a ideia não teria agradado. Segundo quem conversou com o ministro, a sugestão abarcaria um escalonamento da reoneração até 2027.

A desoneração da folha de pagamento vale para 17 setores da economia. Entre eles está o de comunicação, no qual se insere o Grupo Folha, empresa que edita a Folha. Também são contemplados os segmentos de calçados, call center, confecção e vestuário, construção civil, empresas de construção e obras de infraestrutura, entre outros.

Na quarta, o autor da proposta da desoneração, o senador Efraim Filho (União Brasil-PB), teceu críticas ao governo pela forma como lidou com a proposta.

“O governo perdeu a condição de poder impor condições para que se possa derrubar o veto. O governo foi omisso durante dez meses de tramitação do projeto”, afirmou. “A proposta do governo é bem-vinda para que a gente possa avaliar, mas depois de derrubado o veto”, disse.

Nesta quinta, ele defendeu a medida. “É um projeto que dialoga com a vida real, é um projeto que é apoiado por quem produz e por quem trabalha. É apoiado pelos setores produtivos e pelos sindicatos. Todos juntos apoiam a desoneração, porque ele gera mensagem de quem gera mais empregos paga menos impostos”, afirmou Efraim.

“Se a gente continuar taxando o emprego, elevando o custo do emprego, tornando mais caro contratar pessoas, qual é a solução que as empresas terão? é substituir o trabalhador”, concluiu o senador.

Como mostrou a Folha em outubro, o Ministério da Fazenda já havia avisado o Palácio do Planalto que iria defender o veto total ao projeto. O argumento era que, desde a reforma da Previdência, ficou vedado adotar medidas que possam reduzir a arrecadação de recursos do fundo que banca as aposentadorias. Por isso, a prorrogação da desoneração seria inconstitucional.

A desoneração da folha começou no governo Dilma Rousseff (PT), em 2011, e teve sucessivas prorrogações. A medida permite que os setores desonerados paguem alíquotas de 1% a 4,5% sobre a receita bruta, em vez de 20% sobre a folha de salários para a Previdência Social e outras contribuições.

Para compensar a prorrogação da desoneração, o projeto também estende, pelo mesmo período, o aumento de 1% na alíquota da Cofins-Importação —pela lei atual o prazo termina em dezembro.

O Congresso também reestabeleceu o trecho que prevê benefícios para municípios brasileiros. O veto de Lula eliminava a redução de 20% para 8% da contribuição ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social) concedida às prefeituras que não têm regimes próprios de Previdência. A regra vale para cidades com até 142,6 mil habitantes.

A prorrogação da desoneração da folha para os 17 setores econômicos representa uma redução de R$ 9,4 bilhões no pagamento de tributos dessas empresas.

Os setores beneficiados defendiam em manifesto que a manutenção da desoneração não somente aumentou o emprego formal como também resultou em incremento da competitividade desses setores na economia brasileira.

A decisão do Congresso levou a repercussões.

O presidente da CSB (Central Sindical Brasileira), Antonio Neto, afirmou, em nota, que “o Congresso Nacional corrigiu uma injustiça que certamente os trabalhadores pagariam a conta. É uma vitória do emprego formal e digno”.

“Os trabalhadores não podem pagar a conta do ajuste fiscal com desemprego e informalidade. Nós continuamos abertos ao diálogo e ouvir as alternativas que o governo diz ter, mas que até agora não apresentou”, disse o sindicalista.

O sistema Sest-Senat (Serviço Social do Transporte e Serviço Nacional do Transporte) afirmou que “a derrubada do veto é um alívio para o transporte rodoviário de cargas, um dos 17 setores desonerados, setor que representou 5,1% do PIB no primeiro trimestre de 2023 e responsável por movimentar mais de 65% de tudo que é produzido no país”.

“Com o veto, havia a preocupação de que as empresas precisam realizar demissões e diminuir os investimentos, realizados desde o início da desoneração da folha de pagamento, em 2011”, afirmaram as entidades.

O líder do governo no Congresso, Randolfe Rodrigues (sem partido-AP), disse que a medida não resolve o problema do emprego e não beneficia a todos os setores. Por isso, o Palácio do Planalto insistirá em medidas alternativas para o próximo ano.

“Essa medida tem pelo menos dez anos de história. Segundo estudos, não representou concretamente a incorporação e aquisição de empregos novos aos brasileiros”, argumentou Randolfe.

Nas contas divulgadas pelo Ministério da Fazenda nas últimas semanas, a extensão da desoneração da folha custaria R$ 9,4 bilhões anuais aos cofres públicos. Já a redução das alíquotas que as prefeituras pagam ao INSS (Instituto Nacional do Seguro Social), inserida na proposta, drenaria outros R$ 9 bilhões.

A decisão do governo era defendida por economistas como Samuel Pessôa e Marcos Mendes, ambos colunistas da Folha. Para eles, a política não alcançou os resultados almejados de impulsionar a geração de empregos e a economia.

Por outro lado, o veto foi criticado por entidades que representam os setores contemplados e membros do Congresso.

VEJA OS 17 SETORES AFETADOS PELA DESONERAÇÃO
calçados
call center
comunicação
confecção e vestuário
construção civil
couro
empresas de construção e obras de infraestrutura
fabricação de veículos e carrocerias
máquinas e equipamentos
projeto de circuitos integrados
proteína animal
têxtil
tecnologia da informação
tecnologia de comunicação
transporte metroferroviário de passageiros
transporte rodoviário coletivo
transporte rodoviário de cargas

Da Redação

Do Portal Umari

Com Folha Online

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