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Avanço do mar engole quase 20 metros de praia naturista de Tambaba, no Conde

 


Conhecida pelo pioneirismo na prática do naturismo no Nordeste, a praia de Tambaba, no município de Conde, Paraíba, está perdendo faixa de areia para o oceano. Entre 1985 e 2022, o mar avançou em média 50 cm por ano no local, segundo estudo publicado na revista Science of The Total Environment. Em alguns pontos, 18,5 metros da praia já foram tomados pela água.

Para os cientistas, além da erosão que afeta as praias do município, uma possível elevação do nível do mar pode trazer consequências “profundas para as comunidades costeiras, ecossistemas marinhos e infraestruturas”. Eles classificaram os impactos como “potencialmente catastróficos.”

“A região de Tambaba está entre as áreas onde um significativo processo erosivo foi detectado ao longo das últimas quatro décadas, especialmente nas zonas de barreiras”, afirmou Celso Augusto Santos, professor e pesquisador do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental da UFPB (Universidade Federal da Paraíba).

A pesquisa relacionou a perda da faixa de areia em Tambaba à erosão e ao avanço do mar, com o aumento do seu nível.

Projeções mostradas pela pesquisa indicam que o município de Conde pode perder 12% de sua área total se o mar for elevado em 10 metros. O fato seria provocado pelo derretimento de calotas polares causado pelo aquecimento global.

O estudo também mostrou que para as próximas duas décadas (2022-2032 e 2032-2042) a projeção é de intensificação da atividade erosiva em Conde.

Problema no litoral todo

O problema não atinge apenas a praia de Tambaba, mas 62% do litoral da cidade de Conde, que perdeu em média 9 metros de faixa de areia —ou 27 cm ao ano— nesses 37 anos estudados.

Uma das preocupações é que a erosão esteja ocorrendo em um ritmo cada vez mais acelerado: entre 2015 a 2022, a taxa erosiva média ficou em 85 cm ao ano no litoral de Conde.

Projeções mostradas pela pesquisa indicam que o município de Conde pode perder 12% de sua área total se o mar for elevado em 10 metros. O fato seria provocado pelo derretimento de calotas polares causado pelo aquecimento global.

O estudo também mostrou que para as próximas duas décadas (2022-2032 e 2032-2042) a projeção é de intensificação da atividade erosiva em Conde.

O estudo cita que, além das mudanças climáticas que afetam o mar, houve um aumento da ocupação humana no Conde nas áreas das falésias, impulsionado pelo avanço do turismo e a consequente construção de residências, pousadas, hotéis e condomínios.

Simulações mostram impactos “catastróficos”

Os pesquisadores fizeram projeções sobre a subida do nível do mar em quatro cenários possíveis que vão de uma alta de 1 metro a uma elevação de 10 metros.

No maior aumento, 12% de toda a área do município seria inundada. As projeções do aumento do nível do mar são até o ano de 2100.

Este desenvolvimento aumentou a vulnerabilidade das zonas costeiras aos fenômenos naturais, incluindo processos erosivos de longo prazo.

Os impactos da subida de nível do mar na zona costeira do município têm mostrado cenários potencialmente catastróficos para os usos do solo de manguezais, praias e dunas, uma vez que estes ecossistemas estão localizados mais próximos da costa, tornando-os os mais vulneráveis às alterações do nível do mar nesta região costeira.

Segundo Santos, não há como prever quanto o mar vai se elevar por ano.

“Não foram realizadas simulações de quando ocorreria o aumento do nível do mar, mas sim o que acontecerá caso ocorra tal aumento. Esse fenômeno está diretamente associado ao aquecimento global”, pontuou Celso Augusto Santos, pesquisador.

Metodologia utiliza imagens de satélite

Para chegar a estas constatações, os pesquisadores empregaram uma metodologia com abordagens integradas, na qual foram utilizadas diversas ferramentas, como imagens de satélite, algoritmo para remoção de nuvens das imagens, sistema digital de análise costeira (DSAS, na sigla em inglês) e mapeamento de cobertura e do uso da terra, este último obtido a partir do Projeto MapBiomas.

Em seguida, após o refino dos dados, os cientistas realizaram dois tipos de análise da dinâmica costeira: de médio prazo, no qual os dados foram reunidos em três grupos de 10 anos (1985-1995, 1995-2005, 2005-2015) e um de sete anos (2015-2022), estudados separadamente; e de longo prazo, no qual os dados foram analisados sem recortes temporais.

A partir deste modelo, os pesquisadores também previram a dinâmica costeira do município para os próximos 20 anos, em que foi revelada a tendência de aceleração da erosão marinha.

Ocupação costeira intensifica problema em Tambaba e outras praias

Além da elevação das águas marinhas já em andamento, os autores atribuem o aumento erosivo à intensificação da ocupação costeira, devido à urbanização, à industrialização e ao turismo.

“Essa tendência é provavelmente acelerada por atividades humanas, ressaltando a interação entre processos naturais e antrópicos na dinâmica costeira, e representa um desafio significativo em áreas de alto valor turístico como o município do Conde”, afirma o professor Celso Santos, do Departamento de Engenharia Civil e Ambiental (DECA) da UFPB e um dos autores do estudo.

Ele afirmou que o estudo pode servir de alerta ao poder público, para que sejam desenvolvidas estratégias de gestão costeira proativas, a fim de minimizar os efeitos da erosão marinha e da elevação do nível do mar, protegendo, assim, sistemas naturais e humanos.

“Os resultados deste estudo fornecem insights valiosos não apenas para o município do Conde, mas também para outras regiões costeiras globalmente, reforçando a necessidade de uma ação climática urgente e coordenada para mitigar os impactos adversos da elevação do nível do mar”, conclui o pesquisador.

Participantes e contribuições internacionais

Da UFPB, além do professor Celso Santos, contribuíram para a elaboração do estudo os professores Leonardo Vidal Batista, do Centro de Informática (CI), e Richarde Marques da Silva, do Centro de Ciências Exatas e da Natureza (CCEN). Gleycielle Rodrigues do Nascimento, atualmente egressa do curso de Engenharia Ambiental, e Luccas Matheus Torres Freitas, aluno de iniciação científica da Engenharia da Computação, também participaram do estudo.

A pesquisa contou ainda com a contribuição das universidades Fakir Mohan, na Índia, e de Chlef, na Argélia, por meio dos professores Manoranjan Mishra e Bilel Zerouali, respectivamente.

Da Redação

Do Portal Umari

Com Portal do Litoral com Uol

 

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