A presidência do Brasil do G20, grupo que reúne as 19 maiores economias do mundo e as uniões Africana e Europeia, termina neste sábado (30). No domingo (1º), a África do Sul assume a liderança do bloco, que é rotativa, e conclui o período de quatro anos de comando do G20 por nações em desenvolvimento — além de Brasil e do país africano, Indonésia e Índia presidiram o grupo nas últimas edições.
Ao longo da liderança brasileira do bloco, iniciada em dezembro de 2023, 140 reuniões aconteceram em 15 cidades do país.
A cúpula de líderes, realizada entre 18 e 19 de novembro, no Rio de Janeiro (RJ), tornou-se o ponto alto da presidência do Brasil. O evento teve a presença de 55 representantes de países e chefes de organizações.
Além dos 21 integrantes, participaram da reunião do G20 nações convidadas. O comando brasileiro escolheu o lema “Construindo um mundo justo e um planeta sustentável”.
Durante a cúpula, os representantes do grupo lançaram oficialmente a Aliança Global contra a Fome e a Pobreza, uma das principais bandeiras da liderança do Brasil e do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. O petista também acabou como o responsável por realizar o primeiro G20 Social, com a participação da sociedade civil nas discussões do bloco.
O presidente sul-africano, Cyril Ramaphosa, garantiu que pretende dar continuidade ao G20 Social. Após a transferência do cargo, na cúpula de líderes, Ramaphosa anunciou que os assuntos centrais da presidência da África do Sul do G20 serão combate à fome, mudanças climáticas e governança da inteligência artificial.
O que foi decidido no G20
Quando passou o comando do bloco para a África do Sul, no último dia da cúpula de líderes, Lula declarou que os trabalhos da presidência brasileira, embora desempenhados “com afinco”, vieram somente para “arranhar” os complexos problemas enfrentados pela humanidade.
“Trabalhamos com afinco, mesmo cientes de que apenas arranhamos a superfície dos profundos desafios que o mundo tem a enfrentar”, destacou, ao comentar os principais conquistas da presidência brasileira à frente do G20.
Ele destacou o lançamento da Aliança Global contra a Fome e a Pobreza e o início de um debate inédito sobre a taxação de super-ricos. Também apontou a entrada da mudança do clima na agenda dos Ministérios de Finanças e Bancos Centrais, assim como a aprovação do primeiro documento multilateral sobre bioeconomia.
“Fizemos um Chamado à Ação por reformas que tornem a governança global mais efetiva e representativa e dialogamos com a sociedade por meio do G20 Social [fórum criado pela presidência brasileira do grupo]”, terminou de elencar.
Lula também citou outros feitos, como o lançamento do roteiro para aperfeiçoar a atuação dos bancos multilaterais de desenvolvimento e a priorização dos países africanos na discussão sobre endividamento dos países.
Ao transmitir o cargo a Ramaphosa, fez questão de lembrar as semelhanças entre os continentes africano e latino-americano.
“É com essa esperança que passo o martelo da presidência do G20 para o presidente Ramaphosa. Esta não é uma transmissão de presidência comum – é a expressão concreta dos vínculos históricos, econômicos, sociais e culturais que unem a América Latina e a África”, acrescentou o brasileiro, ao desejar “sucesso” ao sul-africano.