Os recentes embates entre o Poder Executivo, o Legislativo e setores da imprensa em Mari (PB) revelam uma crise institucional silenciosa que precisa ser encarada com responsabilidade por todos os envolvidos. O episódio do cancelamento da Audiência Pública sobre o trânsito da cidade, promovida pela Câmara Municipal, se tornou o estopim para uma disputa narrativa que coloca em xeque a relação entre os poderes e a credibilidade da mídia local.
Uma disputa por versões e controle da narrativa
A audiência, que tinha como objetivo discutir os problemas do trânsito de Mari, foi abruptamente cancelada. A justificativa oficial da Presidência da Câmara é de que nenhum representante da Prefeitura compareceu. Por outro lado, a gestão da prefeita Lucinha da Saúde afirma que enviou sim representantes, que inclusive assinaram a lista de presença (veja aqui nota oficial ) — uma informação que confronta diretamente a fala da presidente da Casa Legislativa, que nega a participação de qualquer enviado do Executivo e que também em nota coloca sua versão do episódio. Veja nota a seguir:
Esse embate público de versões alimenta ainda mais a polarização política no município e expõe o desgaste na relação institucional entre Executivo e Legislativo.
O papel da mídia e a corrida por audiência
Um agravante nesse cenário é o papel desempenhado por parte da imprensa local. Ao invés de atuar como mediadora e registrar os fatos com isenção, alguns veículos têm assumido posturas claramente alinhadas a um dos lados do conflito. Publicações precipitadas, com informações imprecisas e pouca checagem de fatos, colaboram para a desinformação da população e fomentam a instabilidade política.
Mais do que informar, parte da mídia parece estar em busca de cliques e engajamento, mesmo que isso signifique distorcer os acontecimentos. Esse comportamento acaba fornecendo munição para grupos que se beneficiam politicamente do caos narrativo instalado.
A responsabilidade diante da opinião pública
O momento exige maturidade política, institucional e ética jornalística. É preciso que os poderes constituídos, especialmente Executivo e Legislativo, priorizem o diálogo e a transparência, enquanto a imprensa deve resgatar seu compromisso com a verdade e com a sociedade.
Manipular informações ou alimentar disputas sem oferecer os dois lados da história pode comprometer a confiança pública e ampliar o abismo entre a política e a população.
O cancelamento da audiência pública em Mari é mais do que um fato isolado. É um sintoma de uma crise mais ampla que envolve disputa de poder, vaidade institucional e o uso da mídia como ferramenta política. Que os agentes públicos e os comunicadores locais compreendam a responsabilidade de seus atos e palavras, antes que o prejuízo à cidade se torne irreversível.
Com Expresso PB
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