Um grupo de manifestantes protestou dentro do plenário da ONU durante o discurso oficial do presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, na COP27, na última sexta-feira (11).
Eles não chegaram a interromper a fala de Biden, mas levantaram das cadeiras, empunharam cartazes e fizeram sons altos que foram captados pela mídia durante a transmissão do discurso para o mundo todo.
Os seguranças norte-americanos e da ONU se aproximaram rapidamente, removendo os manifestantes do local.
O protesto ilustra muito bem como a fala de Biden foi recebida por uma grande parte do plenário e dos negociadores internacionais presentes à cúpula do clima.
Um dos negociadores disse à CNN que a posição do presidente americano foi “decepcionante”.
O discurso dele ofereceu apenas palavras laudatórias aos EUA, sem endereçar de frente um dos principais pontos em discussão na COP27: o pagamento pelos países desenvolvidos aos mais pobres para enfrentar as mudanças climáticas.
As negociações desta COP27 estão sendo marcadas por fortes embates entre os países em desenvolvimento e as nações mais ricas –basicamente, os EUA, os países da Europa Ocidental, Japão, Canadá e Austrália.
Enquanto o primeiro grupo quer discutir o pagamento de uma ajuda financeira dos ricos para compensar as perdas e danos já ocorridas pelo mundo, os ricos adiam essa discussão o máximo possível.
Pior. Continuam insistindo apenas na necessidade de todas as nações, incluindo as mais vulneráveis, diminuírem os efeitos do aquecimento global através do corte na emissão de gases do efeito estufa –a chamada mitigação.
Esse jogo de empurra está cada vez mais evidente, especialmente nesta COP27, com os países em desenvolvimento ficando cada vez mais vocais na necessidade de se avançar nessas transferências financeiras.
Biden até anunciou algumas iniciativas de ajuda americana para países da África e para o Egito, em particular. Mas essas iniciativas estão muito longe das centenas de bilhões de dólares demandados pelas nações pobres.
Biden ignorou esse sentimento e gastou boa parte de sua fala enaltecendo mudanças recentes na legislação ambiental americana, afirmando que o país está cumprindo com sua parte.
Isso é uma meia verdade, já que historicamente os EUA são um dos maiores poluidores do mundo. E, portanto, deveriam ajudar muito mais com o financiamento das economias menores –como está sendo exigido pelos negociadores.